Há mais de dois anos em silêncio... Onde estive? Não importa, de fato não importa.
Que importa se eu tenha ido a festas ciganas, igrejas, raves, concertos, rituais de magia, giras de santo e de Exu? Dizê-lo não comunicaria as marcas de meus pés ou de meu rosto.
Também não é importante dizer em que camas deitei, ou que homens e mulheres se deitaram em minha cama. Isso não me faria mais real. E sequer me faria mais mulher.
Por essa razão, volto às palavras respeitando o silêncio desses anos. Porque a realidade vaza para além de toda expressão, para o plano mavioso do que não é dizível, para a exatidão efêmera de tudo quanto é inefável...
Que importa se eu tenha ido a festas ciganas, igrejas, raves, concertos, rituais de magia, giras de santo e de Exu? Dizê-lo não comunicaria as marcas de meus pés ou de meu rosto.
Também não é importante dizer em que camas deitei, ou que homens e mulheres se deitaram em minha cama. Isso não me faria mais real. E sequer me faria mais mulher.
Por essa razão, volto às palavras respeitando o silêncio desses anos. Porque a realidade vaza para além de toda expressão, para o plano mavioso do que não é dizível, para a exatidão efêmera de tudo quanto é inefável...

3 comentários:
Que belo retorno. Nada como celebrar a incomunicabilidade das nossas palavras diante da vida, que está além de toda expressão.
Lembrei-me de uns versos de Sophia de Melo Breyner Andersen. Infelizmente, lembrou-me por alto. Assim, vou pesquisá-los e quando os encontrar, exatos, venho aqui deixá-los pra ti.
sim sim é raduam...
vc é a jessica do teatro?
beijoo
gostei de seus textos ;)
"Dizê-lo não comunicaria as marcas de meus pés ou de meu rosto."
Não, de facto. Ou de fato!...
Se os passos tivessem sido seguidos, acompanhados de outros passos; o rosto contemplado, tocado por outro rosto... Isso sim, deixaria a marca cuja falta marca mais do que a palavra expressa. Volta-se às palavras, apenas porque não sobeja mais nada.
Ressoa muito, esse último parágrafo, riquíssimo! Obrigada!
Um Feliz Natal para ti! :-)
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