O espírito do vinho desce como um diabo queimando e afagando a minha solidão. Ao fundo, homens que parecem mais embriagados do que eu cantam uma melodia num francês que, obviamente, desentendo de todo. Estou nua nos meus sentimentos. E sinto, sinto, sinto...
"I'm lost but I'm not stranded yet", me canta um dos homens, dans sa paranoïa ou dans sa schizophrénia, num inglês que transborda seu sotaque francófono. Inundo-me no pensamento de que os homens talvez estejam tocando para mim e talvez me vejam, nua, sentada em minha cama. Ou que talvez a campônia que pisou nas uvas que se transformaram neste vinho que tomo esteja me adentrando com este dionisíaco líquido rubro. Desejo-os, a campônia e os franseses perdus, sensualmente, na minha embriaguez.
Mas nem a companhia imaginada desses seres me faz menos só...

2 comentários:
Olá...
Obrigada pela 'passadinha' pelo meu blog.
Agradeço sinceramente as tuas palavras.
Escreves muito bem, mas isso soa como algo repetitivo, afinal, isso já deves saber que és ótima.
Um excelente final de semana.
Uma pérola literária que acabo de encontrar!...
:-)
Postar um comentário