Eu te procuro atrás das sombras. Na cama em que nos deitamos, não te acho. Sob os lençóis, não estás... Sinto falta de tua presença física. Sinto falta de ser tua.
Mas a falta maior que sinto não é essa. Sinto falta de habitar o cerne de tuas palavras. Sinto falta da tua poesia latente azulando os meus céus. Sinto falta de teus telefonemas às duas da manhã, da tua voz, do teu sotaque.
Eu sei bem a forma como estas canções que agora oiço te tocariam. Como tua face se elevaria num grande sorriso com o soar do acordeão, ante a melancólica beleza destes sons. Esta é nossa atmosfera onírica, poética, sonora, transcendental. Somos e soamos quase à exatidão destes sons.
Mas tu não estás aqui para ouvi-los comigo e dentro de mim...
